sábado, 6 de fevereiro de 2010

Perfumados lírios, rosas não são.



Profundamente decepcionado.

Já sabia do bolo.
Não era meu aniversário.
Previsível, o era.
Aceitavel, nem tanto.

De que adianta saber prever.
Não se sabe superar, o frustrado.
Òh piedade, por que me faltas?
Dores tenho de sobra.

Engano-me no primeiro encontro.
Enfadonho-me no segundo.
Estou só. Novamente só.

Primeiro deslumbrado, encantado.
Segundo compreensivo, apreensivo.
e no terceiro, um bolo, mas não de aniversário.

Resta engolí-lo, deglutí-lo.
Mas por que previsível,
insensível estou.

A entrega foi feita sem dó.

(Pergunta)- Tem certeza que não me queres?
(Pergunta)- Tem certeza de nossa amizade?
(Resposta)- Tem certeza de vossos princípios?

Não quero aqueles, pederastas que são.
Não quero aquelas, prostitutas...não são?
Repudio esses, são muito gordos.
Abraço outros, tamanduá que sou.

Porque da distinção?
Que erro cometeram os diferentes?
Os perdidos? Os bandidos? Os amantes, os discrentes, os carentes?!

Olhai os lírios do campo,
são lírios, não são rosas.
Não os colhei antes do tempo,
nem os tomai por margaridas, os lírios do campo.

2 comentários:

Unknown disse...

Lindo texto! :)
Apesar de toda incerteza da vida, sinto que o baluarte de cada um vem do sofrimento... a vida é sofrimento. Como diz Guimarães Rosa: "Viver é perigoso." Além disso, sair do padrão e ser diferente faz parte dessa exdrúxula vida que nos corrói sem dó nem piedade... ser "herói" é para poucos, pois sempre se morre...
Seja qual for sua tristeza, ela é tão bonita! Não por fazer doer o coração, mas porque depois, clareia a alma.

Henry disse...

Eduardo, com que alegria li seu comentário!

Sim, a vida é sofrimento. Sofremos ao nascer e ao morrer. Sofremos logo após o prazer, ao relembrar (com saudosismo) momentos em que não sofremos, ao perceber a ausência do outro, ou na desilusão causada por expectativas não concretizadas.
Assim somos nós animais metade carne metade alma. Quisera eu ja ser somente alma totalmente íntegra e sem mais experiências para 'sofrer'. Outros devem invejar nossa posição de eternos sofredores. Seres intangíveis mas não menos sensíveis às dores humanas devem ver em nós (e daí invejar-nos) o que temos de melhor, e mais complexo: a capacidade de escolher e decidir.
Por isso tentam de toda maneira influenciar nossas decisões.

Abraços Dudu!
ps: aprecio mto seus comentários, sempre agregadores.. :)