terça-feira, 15 de dezembro de 2009

As tuas asas eram de sol

Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
(Título original: tenho uma grande constipação)

Essa poesia foi alterada no título para se tornar mais simpatica, e um pouco mais bucólica.
O que atende perfeitamente ao perfil mitológico do blog.

Ó ninfa oculta nas folhas.
Tão bela é tu'árvore e macios os teus frutos.
De cerne branco e raizes longas, profundas.
Atingem com perfeição o coração do solo e nele penetra.
Galhos harmônicos e delineados,
d'onde brota a vida em flor.

O motivo de eu ter postado esse poema é que hoje não passo muito bem. Tenho medo da amigdalite que tive há 4 meses atrás retorne. Não quero perder as amigdalas.

¬¬




Amigdalas. Essas não são as minhas, elas estão inflamadas.

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